Missões Jesuíticas: Os Sete Povos das Missões
No nosso Estado, o Rio
Grande do Sul, existe um roteiro turístico chamado Rota das Missões.
Nesse percurso as pessoas são convidadas a conhecerem um pouco mais
sobre a história da região missioneira, fazendo uma viagem no tempo em
que os padres da Companhia de Jesus organizaram aldeamentos chamados
reduções, com o objetivo de doutrinar os índios guaranis na fé cristã e
garantir a posse dos territórios espanhóis.
· Veja no mapa, os municípios que fazem parte da Rota das Missões:
Você deve ter observado no mapa, que muitas construções que fazem parte desse roteiro estão em ruínas, por que você acha que isso aconteceu?
Afinal, o que foram as missões jesuíticas? Vamos conhecer um pouco dessa história?
Os índios guaranis
Portugal e Espanha
Para manter o território e transmitir as indígenas os preceitos da
religião católica, a Espanha enviou padres jesuítas para catequizar os
indígenas, organizando missões ou reduções. As primeiras foram
construídas nas terras onde hoje ficam o estado do Paraná e o sudeste
do Paraguai. Foram chamadas de Missões do Guairá.
Essas missões, contudo, eram alvos constantes dos bandeirantes que procuravam aprisionar e escravizar os indígenas.
A maioria dos bandeirantes eram compostos por índios (escravos e aliados), caboclos (mestiços de índio com branco) e alguns brancos, que eram os capitães das bandeiras.
Guaranis aprisionados por bandeirantes, tela de Jean Baptist Debret, 1830.
Com
o ataque dos bandeirantes, os jesuítas espanhóis fugiram do Guairá e se
estabeleceram nas terras onde hoje se localiza o Rio Grande do Sul,
organizando-se em reduções na região do Tape e do Rio Uruguai.
Contudo, os bandeirantes também descobriram essas missões e começaram a
atacá-las e destruí-las. Assim, em 1641, os jesuítas fugiram levando
alguns indígenas para a outra margem do rio Uruguai, na atual
Argentina. Na fuga, deixaram boa parte do gado que criavam, que acabou
se reproduzindo com o passar dos anos, formando a chamada Vacaria do Mar.
Dica de Filme: A Missão
(The Mission, ING 1986). Direção de Roland Joffé, com Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min, Flashstar.
Os Sete Povos das Missões
Anos
depois, em 1682, os jesuítas voltaram às terras que haviam abandonado
no atual Rio Grande do Sul e criaram novos aldeamentos. Esses
aldeamentos passaram a ser conhecidos como os Sete Povos das Missões, que em 1732 chegaram a reunir cerca de 40 mil índios (analise novamente o mapa no início do capítulo).
Observe as datas de fundação das reduções e a distância entre cada uma delas e a redução de São Miguel Arcanjo.
Como era a vida nas missões?
As missões possuem uma estrutura bem específica, conforme pode ser observado na figura abaixo.
Nas reduções ou missões havia uma praça no centro, sendo a igreja o
prédio mais importante. Ao lado da igreja ficavam a residência dos
padres, o colégio, as oficinas, o cemitério e o cotiguaçu.
A casa dos caciques e o cabildo contornavam a praça. O cabildo era a sede da administração.
No colégio só estudavam os meninos filhos de caciques e administradores, enquanto as meninas aprendiam prendas domésticas.
Atrás
da Igreja eram mantidos o pomar, a horta e o jardim. Também por perto
eram instalados currais de gado. Um pouco mais ao longe existiam os tambos, onde os visitantes eram hospedados, evitando assim o contato dos índios com os estrangeiros.
Os índios trabalhavam quatro dias por semana no Abambaé (Terra do Homem) para o sustento de suas famílias, e outros dois dias no Tupambaé
(Terra de Deus) que produzia alimentos para quem não trabalhava no
campo e cujo excedente era comercializado. Além dos trabalhos na terra
produziam nas oficinas instrumentos, utensílios e roupas.
Aos
domingos todos participavam da missa, teatros religiosos, jogos e
danças. Uma vez por mês os guerreiros faziam exercícios de guerra.
Depois discuta esses aspectos com seus colegas e professor.
Para
conquistar a confiança dos índios os jesuítas também faziam uso de
música, canto, teatro, desenho, pintura e escultura. Alguns índios eram
incentivados a tocar, fabricar instrumentos e criar esculturas. Clique
na imagem abaixo para assistir um vídeo sobre a arte missioneira.
Em 1750, o Tratado de Madrid determinou novos limites para o território americano. Nesse acordo, a Espanha trocava os Sete Povos das Missões pela Colônia do Sacramento dos portugueses.
Os guaranis não aceitaram esse acordo e organizaram um exército para defender suas terras liderado por Sepé Tiaraju.
Assim, em 1754, iniciou a Guerra Guaranítica que durou dois anos.
Melhor equipado o exército europeu formado por portugueses e espanhóis
massacrou os guerreiros guaranis. Portugal e Espanha acabaram anulando
o tratado de Madrid, contudo não existiam mais condições para a
sobrevivência dos guaranis nas reduções, sendo os jesuítas expulsos dos
territórios americanos acusados de liderar a guerra guaranítica.
A Câmara dos Deputados lançou em 16 de novembro de 2010 a história em quadrinhos “ Sepé Tiaraju: o índio, o homem, o herói
”, uma iniciativa da 1ª Vice-Presidência publicada pela Edições
Câmara. O livro resgata a trajetória do índio missioneiro que liderou
a resistência dos guarani contra a implantação do Tratado de Madri, em
1750. A história em quadrinhos foi distribuída nas escolas públicas e
bibliotecas de todo o País.
Não deixe de ler! Procure na biblioteca de sua escola!
Como ficou a situação dos guaranis
Os
guaranis sobreviventes acabaram indo embora das reduções. Alguns foram
trabalhar nas estâncias dos portugueses, outros voltaram para as matas
e muitos acabaram marginalizados nas cidades espanholas e portuguesas,
passando a viver da venda de seus artesanatos.
As
reduções acabaram sendo saqueadas, sendo grande parte dos materiais
utilizados em novas construções pelos imigrantes. Hoje dessa grande
experiência restam ruínas das reduções de São Nicolau, São Lourenço
Mártir, São João Batista e São Miguel Arcanjo, os remanescentes dessa
última foram reconhecidos como Patrimônio da Humanidade no Brasil, pela
UNESCO em 1983.
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Professora Rossele